quinta-feira, 30 de outubro de 2025

RETORNO A SÃO PAULO POR 24 HORAS - C6 FEST 2025 - Parte 2

C6 FEST - Ou como se fazer um festival bacaninha para um público deslocado..


O prato principal da minha ida a São Paulo, sem sombra de dúvidas foi para assistir ao C6 FEST 2025, no Ibirapuera. Depois de chegar da FAAP, ter algumas poucas horas de descanso, um banho reforçado, vestir o uniforme pro show, no caso a camiseta do AIR(evocando Moon Safari), que comprei na web a alguns meses atrás e por ser uma noite fria, São Paulo requer blusão e moletom...com a camiseta do AIR na frente...bora então pegar Taxi, já que o UBER me deixou na mão...

Cheguei na entrada 1 e 2 do Ibirapuera, em frente ao Obelisco, adentrei sem muvuca ou surpresa...o caminho rodeava o auditório, com sua entrada linda com luzes e holofotes no céu e no desenho lindo da arquitetura de Niemeyer que dá nome ao auditório com todo aquele ar mágico. Revista do segurança, registro do bilhete,  pulseira cashless carregada e o gramado em frente ao palco externo do auditório já estava tomado de gente. E aquele ambiente era bem selecionado, com várias personalidades, jornalistas, youtubers, deslocados, alternativos, todos ali pra ver o espetáculo que prometia. Vi muitas pessoas com camisetas do Pretenders, mas nada de AIR...só eu. O Parque Ibirapuera, com sua integração única entre natureza, arquitetura e agora música, foi o melhor lugar pra se fazer um festival.


É interessante notar que foram três estruturas de shows dentro do mesmo festival, sendo que um palco menor, serviu para o pessoal mais indie e novo, uma arena fechada serviu para o pessoal DJ e finalmente a área interna do auditório Niemeyer, serviu para os artistas de Jazz/Blues nos dois primeiros dias da semana, e o palco principal, que seria o palco externo do auditório se transformou no palco Heineken, com seu paredão superior ao palco servindo de um imenso telão, um espetáculo à parte. O palco Heineken era grande, possuía dois telões de alta definição nas laterais além é claro da projeção no paredão. 

A experiência no lugar não é inédita pra mim. 15 anos antes, esse mesmo palco e este mesmo gramado foi feita a exibição do filme restaurado "Metropolis" (1927) de Fritz Lang com orquestra ao vivo no palco e o filme projetado em cima da parede telão, um espetáculo aberto e sensacional ...e eu estava lá...Fiz o relato deste acontecimento aqui.

Depois da sequência, bebida, comida e banheiro, era hora de me acomodar praticamente a uns 20 metros do palco  no lado esquerdo e esperar. Um publico geralmente na faixa dos 40/50 anos, mas também jovens acompanhando pais (que belo gosto musical para compartilhar com os filhos) e o público seleto.



PRETENDERS

Apesar de shows sempre atrasarem, as 19:04, as luzes se apagam e subitamente os integrantes da banda Pretenders entram e lá na frente aquela senhora toda alegre de camiseta preta, jeans, bota, uma corrente prateada presa com um cadeado (espirito punk na veia) e jeitão roqueira, com seu cabelão moreno com sua guitarra, com rugas no rosto...mas muita disposição...Chrissie Hynde chegou...e com tudo !!!


Ela é a fundadora e a única remanescente da formação original, já que o baterista Martin Chambers aposentou a pouco tempo sendo substituído pelo competente Rob Walbourne, completam o time o excelente James Walbourn na guitarra (seu parceiro desde 2008) e Nick Wilkinson no baixo. No show atual não existe tecladista ou qualquer artifício de música eletrônica, só formação básica a "la Beatles". Um risco para plateias mais novas ? Não, se tratando da banda de Chrissie Hynde, que conserva sua voz de forma magnífica, com timbre e vocalização quase intactos. É como se a música dos álbuns estivessem sendo tocados ao vivo   sem alterações. Junto do guitarrista Walbourn, com seu ritmo rápido e riffs violentos, Chrissie encontra o apoio certo para em uma hora e pouco de show entregar os principais hits da carreira (principalmente todos aqueles que eu queria) : "Kids", "Back on the Chain Gang", "Don’t Get Me Wrong",  "Middle of the Road" e "Stand by you"), assim como outras faixas matadores do velho e bom rock'n'roll da banda, que encanta gerações a décadas...


No meio do publico nostálgico teve vários casais maduros e namorados juntinhos curtindo aquelas faixas que fizeram parte da história de suas vidas. Punk, rock, new wave, baladas, creio que foram umas 18 faixas, com o público muitas vezes fazendo coro, batendo palmas, agitado e pulando. Sim, também tinham muita gente que estavam ali só por estar, conversando, não ligando...mas isto acontece.


Com sua ótima interação de Chrissie Hynde e com publico dominado, arriscou algumas palavras em português, se dizendo 'paulistana, ou quase' (ela morou em São Paulo por volta de 2003), houve momento que ela jogou a gaita que ela tocou no fim de "Middle of the Road", para galera. Outro momento, guitarrista erra a entrada antes de "Time the Avenger", na qual ele fala que 'c@gou nesta', prontamente perdoada pela patroa Hynde. Ele mesmo deu show a parte com seus riffs enérgicos.


Ao final do show, ela agradece a todos pela noite e promete voltar em breve, saem do palco mas as batidas do show ficam ali ainda na cabeça por um tempo e é hora então de parte do público também ir embora e o lugar começa a se esvazia por algum tempo. Hora de sentar no chão um pouco para absorver e extravasar a emoção ali, pois o melhor da noite...ainda estava para chegar! Pretenders foi apenas o aperitivo..alias finalmente uma injustiça histórica minha sendo paga por finalmente ver os veteranos em ação... Obrigado Chrissie, obrigado Pretenders ! Mas a noite não acaba ali...


SETLIST




AIR - Moon Safari Tour



Em meia hora eu acho, o palco do Pretenders já estava todo desmontado e a equipe do AIR já estava agindo rápido. Sem poder levar o "palco-caixa" original da turnê da banda, optaram pela estrutura do Palco Heineken, montando sua bateria e conjunto de sintetizadores, além de ajustes na aparelhagem sonora e visual que estava escondido por trás. O interessante que esta estrutura toda é minimalista mas ao mesmo tempo grandiosa, já que o auditório externo da uma sensação de espaçamento maior e uma interação direta com o Parque do Ibirapuera, o público no gramado, as árvores ao fundo e o skyline da cidade com o Obelisco  ao lado e o céu cortado por luzes dos holofotes...uma união da arte, com a arquitetura, a natureza e o espaço...


Consegui chegar um pouco mais perto  do palco, assim que a galera do show anterior começou a sair. Devo ter ficado a 15 metros, e logo que levantei, uma turma de jovens de todas as idades começou a chegar. Fontes ligadas ao festival informaram que 13 mil pessoas estavam lá naquele momento ou mais um pouco. Mas não foi muvuca. Deu pra ver bem o palco com os músicos, que antes da turma entrar...mostrava um par de olhos femininos piscando (arte do single Kelly watch the Stars).


As 21:00, o AIR começa o show...com destaque para o telão de LED ao fundo passando imagens, jogo de luzes disparando flashs e cores e os primeiros acordes já começaram a tocar... O duo Nicolas Godin e Jean-Benoît Dunckel, junto com seu baterista de apoio, Louis Delorme, adentram o palco, quase de forma tímida, todos vestidos de roupas brancas, parecendo que iram ao réveillon e cada um seguindo para seu lugar... Logo Godin assumiu sua baia a direita do palco, com alguns synths e guitarra, Dunckel foi para o lado esquerdo com seu conjunto de sintetizadores (alguns vintage), com Delorme assumindo no centro com sua bateria e percussão. Senhoras e senhores, o AIR está no ar !!!


Ao contrário do Pretenders, na qual os dois telões laterais e o telão da parede transmitiam ao vivo o que estava acontecendo no palco, para o AIR, isto foi feito apenas para os dois telões laterais, o principal ficou sendo como uma extensão da tela LED da banda que ficava ao fundo e que em muitos casos replicava os gráficos transmitidos. Isto fazia uma interação multimídia com o público aliado ao jogo de luzes do palco, uma verdadeira viagem espacial lúdica e dimensional...


Não é surpresa ou spoiler, já que a turnê é dedicada ao álbum Moon Safari, então eles tocaram exatamente a sequência do disco, abrindo com "La Femme d'argent", seguida pelo maior sucesso da banda logo de cara..."Sexy Boy" com direito ao macaquinho do clip, 'viajando' algumas vezes no telão de LED atrás da banda. Não precisava nem dizer que a gente cantava com força o refrão...com os pulmões cheios... As músicas seguem e a quarta é "Kelly Watch the Stars" outro single de sucesso cantada pelo público com direito a gráficos imitando um telejogo dos anos 70...finalmente a viagem chega ao fim na 10° canção, "Le Voyage de Pénélope", quando os membros se retiram do palco...mas as luzes não se apagam...Importante dizer que até aqui, as músicas do álbum "Moon Safari" foram tocadas na integra e na ordem, mas com algumas poucas variações, alterações ou improvisações, sem mexer com a estrutura original delas, algo que o AIR não fazia anteriormente nos shows desde que começaram lá no final do milênio passado...


A interação da banda com público foi pouca, mas apenas Godin, falava para plateia com alguns 'obrigados' e 'merci beaucoup!'. O fato é que ele é casado com a brasileira Ira Travisan, que foi baixista da banda Cansei de Ser Sexy(CCS) dos anos 2000. Ira estava escondida atrás do palco nos bastidores.


O prato principal já havia sido servido, agora era hora da sobremesa, pois ainda tinham meia hora de show para o público extasiado por mais...o lance era saber se muito mais coisas iriam ser tocadas, já que festival tem limite de tempo...O retorno da banda foi rápido. Seguiu-se uma sequência matadora , com 5 faixas apenas começando com "Vênus" abrindo, seguida da maravilhosa "Cherry Blossom Girl", que o público já pedido em coro no intervalo e com o grand finale a kraftwerkiana "Don't Be Light", com direito ao refrão exibido em letras grandes no telão... AIR dá seu adeus, um abraço dos membros e um agradecimento conjunto...e a banda se despede do palco...mas por vários minutos as pessoas ainda ficam ali, paradas no gramado, com imagens do olhos femininos de "Kelly Watch the Stars" novamente exibidas no telão até as luzes serem completamente apagadas e as pessoas saírem do transe psíquico onde estavam neste sensacional show.


Posso dizer que  as músicas ao vivo do AIR, com todos aqueles efeitos multimídia do show, são uma passagem direta para um outro universo sensorial e a escolha do repertório final com as 5 faixas restantes também nos levava mais além daquele universo e quando acabou, ficava aquela sensação estranha de perda sensorial momentânea igual a um transe. Tínhamos a sensação de Tempus fugit (como se o tempo parasse). As imagens gráficas, variavam bastante, que poderiam ir desde cores abstratas, a chuvas de estrelas, viagens galácticas, gráficos antigos de games e até fogos de artifício.  Tinha momentos que parecia que estávamos dentro do filme "2001 - Uma Odisseia no Espaço" em uma viagem dentro do monolito negro... Os músicos, que foram também alunos de arquitetura, são fãs declarados do nosso herói brasileiro, Oscar Niemeyer (1907-2012) e não poderia ter tocado em lugar melhor, já que tanto o auditório do Ibirapuera (que tem o nome oficial do arquiteto), quanto o parque, vieram das mãos do gênio da arquitetura nacional e mundial.



Depois da apresentação e do meu transe, saí do gramado ainda com muita gente parada ali e fui embora com o dever cumprido...era mais uma noite pra ser lembrada e guardada pra sempre.


SETLIST














Com Pretenders e AIR, completei 11 shows internacionais no meu currículo !!! E tudo começou alias, com um dos precursores da música eletrônica, Kraftwerk lá por volta de 1998.


Pontos positivos do C6 FEST:

Entrada e saída facilitada sem muvuca e com seguranças.

Muito bem sinalizado.

Segurança.

Banheiros, bem organizados, grandes e não as porcarias químicas que eles costumam colocar em eventos públicos. Sem muita gente pra sair e entrar com acesso fácil também a lavatórios.  E obviamente limpos.

Bebida era fácil e rápido, vc pegava um copo, usando a pulseira pagava e pegava a bebida. Rápido e fácil

Área de food trunck boa, com várias opções, então peguei uns tacos pois não queria me demorar muito.

Sem área VIP na frente. Quer ver o artista de perto ? chega cedo !!!


Pontos negativos do C6 FEST:

Ao pegar a comida, notei algo chato...não tinha lugar pra sentar na área de alimentação... mas tinha os bancos dos parques que são poucos, então ficava aquela disputa pra sentar...

Notei que os copos do patrocinador de cerveja, não eram copos temáticos do festival. Fiquei frustrado com relação a isto, pois pra mim, eles são como troféu do evento pois deveria ter o nome do festival e os artistas escritos, que nem foi do POPLOAD 2018 quando vi o inesquecível Blondie(veja como foi aqui). Era apenas um copo (menor que o do Popload mas curiosamente, o mesmo patrocinador de cerveja). Só tinha o logo da empresa de chopps e mais nada. Colecionador gosta de colecionar estas exclusividades.

Mapas e informações poderiam ser distribuídas para o público na entrada, ficou apenas aquela divulgação via online nas redes sociais e site oficial, mas seria uma boa ter algo em mãos, alguma coisa que poderia ser guardado com as informações dos artistas etc.

Excessos de youtubers/influencier gente ligado a cultura e música...como convidados...tipo vc paga um ingresso caro e este povo que as vezes nem vê o show direito, ganha de graça...

Preço nada agradável, né ?

 

obs: A primeira parte deste artigo pode ser lido aqui...





terça-feira, 2 de setembro de 2025

RETORNO A SÃO PAULO POR 24 HORAS - ANDY WARHOL POP ART EXPO - Parte 1

     Um resumo rápido desta 'Unidade de Carbono'...Em 2019, após 20 anos morando na 'Paulicéia Desvairada' ou como eu amo chamar, 'Sampa', o destino deu uma virada para mim, voltei com a família para o interior de Minas, no caso, escolhi Uberlândia, por ser uma cidade jovem, vibrante, polo de desenvolvimento no interior do Brasil, com tradições interiorana e vontade de metrópole e perto das raízes familiares. A cidade estava vivendo uma nova experiência cultural, com uma produtora nova que estava trazendo atrações internacionais do naipe de um New Order, Scorpions, Slash (do Guns) e novas promessas de shows como Roger Hudgson (do Supertramp) e futuras novidades...mas nem tudo foi flores...houve uma virada de sorte...para o azar, e a verdadeira face 'ruim' da cidade se voltou pra mim...A pandemia de COVID 19 chegou, junto com ela veio a frustração...o emprego foi perdido...contas aumentaram, e até o promoter de grandes shows...foi embora. Então bateu a nostalgia da vida paulistana no peito neste período sombrio...até um novo emprego veio...mas infelizmente foi ilusório... os boletos não paravam de chegar.  Uma tentativa de se adaptar a uma nova profissão no mercado imobiliário com promessas de ganhos que nunca chegavam e mais frustrações...não gosto de usar a palavra 'ódio', mas o sonho de vida melhor igual a que tinha em Sampa, foi ficando para trás...


Então a cerca de um ano, um novo emprego...uma vida um pouco melhor e a vontade de dar voos mais altos. Veio o anúncio em setembro de 2024, que uma das mais queridas bandas de música eletrônica, os franceses do AIR, estavam vindo ao Brasil para um show da turnê do lendário álbum "Moon Safari" lançado a mais de 25 anos, para um festival bacana, chamado C6 Fest, no Ibirapuera em Maio de 2025. Depois de tanta frustração havia uma oportunidade única de ver algo que podemos considerar histórico.

Minha história com o AIR, começou quando estava morando na cidade de Oxford(Reino Unido), para o aperfeiçoamento de inglês. Eu lembro em várias ocasiões após as aulas matutinas, a parte da tarde era dedicada a visitas ao centro histórico da cidade, que culminavam nas duas lojas de discos famosas: a HMV  e a Virgin Megastore, que curiosamente ficavam uma do lado da outra. O Reino Unido estava vivendo um novo período de uma safra boa de bandas legais. Oasis, Blur, Velvet, liderando o britpop  e com duas bandas da cidade se destacando no mainstrem: Supergrass e Radiohead. Ao se adentrar estas lojas de discos, sempre dava pra ouvir os singles novos da semana. Um certo dia, uma destas músicas me chamou a atenção...soava como eletrônica antiga meio Kraftwerk, mas com ar mais moderno, que parecia ter sotaque francês e um refrão viajante que ficava batendo na cabeça e não saia nunca...era "Sexy Boy", queria saber que artista era aquele, e descobri que eram os então desconhecidos franceses do AIR. Eles estavam lançando um álbum debut chamado "Moon Safari" e o clip que passava nas lojas mostrava em forma de desenho o duo viajando a lua em uma velha Combi Volks levando um macaquinho de pelúcia com uma camiseta escrita, "I Love NY". Quando escutei "Moon Safari" na loja, descobri outras músicas viajantes de uma eletrônica retrô montada em synths vintages que remetiam aos antigos filmes de ficção científica. Eu logo identifiquei que os jovens artistas, bebiam não só de influências como Kraftwerk, Jarre, Vangelis, como também da música mais 'kitcher', românticas francesas e até a nossa bossa nova. Eu amei aquilo ali de imediato...quando voltei ao Brasil a primeira coisa que fiz foi comprar este álbum e ficar horas escutando e viajando...

O AIR (cujo nome é uma abreviatura Amour, Imagination, Rêve (em português, 'Amor, Imaginação e Sonho')), veio com uma proposta na contramão do groove eletrônico do período...eles simplesmente se despiram do bate-estaca que reinava na música EDM desde o final dos anos 80, e se voltaram as raízes e experimentalismo que marcaram este ritmo entre os anos 70/80, sem soar meio velho ou datado apostando no sentimentalismo e no retro futurismo que permeavam a música 40 anos atrás, hoje esquecidas pelas gerações vindouras. O AIR acabou conquistando a galera, pois após os jovens saírem das baladas technos, o álbum "Moon Safari" era escudado como uma forma de relaxamento muscular e sonoro.

Ao longo dos anos, tentei acompanhar a banda e seus álbuns seguintes, mas eles nunca conseguiram chegar a perfeição de "Moon Safari", apesar de apresentar outros hits e bons trabalhos que incluíam trilhas sonoras (Sofia Coppola que o diga).

Os anos foram passando e por duas ocasiões o AIR veio a São Paulo para shows enquanto eu morava lá. Em 2010, após anos de espera, vieram tocar no Jockey Club de S.Paulo no festival Natura Nós e alguns anos depois em 2016 no Popload Gig na Audio Club. Em ambas ocasiões, acabei não podendo assistir aos ídolos. E foi realmente algo amargo, pois lendo na imprensa o sucesso destes shows, o sentimento de frustração foi ainda maior...

Assim, a confirmação do AIR no C6 Fest, não foi apenas única...a surpresa viria meses depois quando o festival anunciou o line-up completo...que incluía também os lendários: Pretenders e Nile Rodgers com sua banda Chic...Com apenas um fato ruim que Chic não iria tocar no mesmo dia que eles. Mas a boa notícia era que Pretenders e AIR iriam tocar no mesmo dia: 24/05, um sábado ...

Minha história com o Pretenders alias, é meio doida...vamos dizer que os hits "Back on the Chain Gang", "Don't get me wrong" e "I stand by you", nunca saíram do meu playlist durante anos, apesar de nunca ter sido muito fã da banda. Muito das músicas eram rock-punk sem synths, e eu curtia mais as bandas synthpop. Mas a medida que crescemos e evoluimos, nos deixamos absorver pelo som mais punk e pesado e baladas clássicas rock e após comprar uma coletânea no meado dos anos 90, passei e escutar a banda e descobrir coisas novas e legais e admira-los mais...

Em 2003, após longo período sem vir ao Brasil, a banda resolveu dar as caras por aqui no antigo Credicard Hall de S.Paulo. Nesta época não me importei muito de ver a banda...mas me arrependi depois...isto por causa de um fato surreal que aconteceu comigo. Eu estava saindo do meu serviço onde trabalhava, no Ed.Itália, perto da Praça da Republica. Estava desanimado por ter trabalhado até tarde as 20:00 ...então ali na entrada do prédio...quem parou do meu lado ? Chrissie Hynde e Martin Chambers os dois únicos membros fundadores do Pretenders e mais alguns amigos. Eu não acreditei que estava ao lado de uma lenda do rock, fiquei mudo, queria dizer algumas coisas em inglês para Chrissie, mas não consegui. Ela estava falando sobre as luzes da cidade em volta, que amava aquilo tudo para os amigos. O tempo passou, Chrissie veio solo para shows de...bossa nova...e depois o Pretenders veio para abrir os shows do Phil Collins no Allianz em 2018, ambas oportunidades que deixei passar. E não esperava mais vê-los, já que havia me mudado para Uberlândia...

Agora com a confirmação do show do Pretenders, no mesmo dia do AIR, era pra mim a cereja do bolo para assistir este festival.

Então quando saiu a lista de preços, quase caí da cadeira, ingressos por volta de R$ 800,00 mais taxa de 'inconveniência', não tive outra opção a não ser conseguir uma carteirinha de estudante, de forma legal (sim, fiz um curso gratuito do governo que meu deu direito a ter a carteirinha), depois foi planejar a viagem, pois o show seria em um sábado, facilitando um bate volta. Hotel, passagem, mandei até fazer camiseta para o evento especial. Escolhi uma estampa do AIR. Tudo dividido em cartão para não impactar. E tudo isto incluindo transporte (Metrô, UBER, taxi), alimentação etc, o custo final não sairia por volta dos R$ 1.000,00... agora era só esperar o dia chegar (pois ele estava a alguns meses de distância).

E é bom lembrar que esta "Unidade de Carbono" não visita Sampa a pelo menos...5 anos...E Saudade era que não faltava. O planejamento foi para apenas um dia, pois no seguinte era pra retornar a Uberlândia, então surgiram duas oportunidades para serem realizadas na parte da manhã, já que o ônibus chegaria muito cedo...deixar as coisas no hotel e partir para a FAAP, onde estava sendo realizada a mostra internacional de Andy Warhol, o artista que definiu o século XX com sua Arte Pop, na oportunidade de conseguir ver alguma coisa referente a Debbie Harry, vocalista do Blondie, minha paixão pessoal e amiga de longa data do artista. E se desse tempo, uma visita ao MASP e seu novo prédio e acesso para ver a exposição de Claude Monet que também estaria acontecendo no mesmo período... parecia tudo bem planejado, pois a data já estava se aproximando...mas como nem tudo é um mar de rosas...

Chegou o dia da viagem, uma sexta-feira a noite, saída programada as 21:00 com chegada prevista às 7:00 da manhã do dia seguinte...mas não fui tão fácil assim... no horário previsto o ônibus não chegou...nem meia hora depois, nem uma hora depois e nem depois...o que deixou os passageiros na espera bastante irritados. Só chegou/partiu de Uberlândia as 00:50.. e infelizmente atrasou meu dia, pois o ônibus acabou chegando ao Terminal Tietê as 11:40 da manhã. Deixei as coisas no hotel e fui para FAAP, já tendo em mente que a visita ao MASP eu teria que cancelar, devido ao tempo escasso. Antes um almoço no Shopping Paulista, ver algumas lojas rapidamente e partir para a FAAP, usando Metrô e UBER...

FAAP - Exposição "Andy Warhol - Arte Pop !"

Virei uma Pop Art....

Dentro da Faap já é um espetáculo a parte, o pátio externo é grande e cheio de obras de arte modernas e a entrada do imenso hall é cheio de estatuas e esculturas de arte barroca. A exposição do artista Andy Warhol(1928-1987), ocupa duas imensas salas e é realmente grande e impressionante, isto está sendo divulgado como a maior expo do artista fora dos EUA. Para quem é fã é imperdível. Ele foi um artista que trabalhou com diferentes tipos de arte como pintura, escultura, fotografia, vídeo, exibições multimídias, o cara era incrível. Seu atelier era chamado de "Factory" (Fabrica). Ele muitas vezes foi convidado para redesenhar marcas americanas famosas como as latas de tomate Campbell. Ele foi amigo de muita gente famosa e influente e tinha como parte de seu passatempo artístico tirar fotos polaroides de celebridades e tentar recriar estas pessoas com suas obras sejam em  quadros, posters etc, sempre dando um certo "ar" Pop a elas. Então a expo além de exibir suas gravuras e pinturas, também tem suas famosas Polaroids, vídeos da TV Warhol, até uma arte multimídia e tanta coisa que a gente realmente se perde lá. 


Já estive em duas exposições anteriores do Warhol, uma só de Polaroids e outra multimídia, mas nada é comparado a esta nova. Imperdível pra quem é fã de arte moderna, fã do século XX e fã da cultura pop, pois ele a elevou a status de arte !

Pra quem é fã do Blondie como eu, foi um deleite descobrir entre várias coisas sobre eles, como um quadro com a imagem da Debbie Harry que ele criou, ponto obrigatório para fotos de fã, ou as sequências de fotos Polaroides que ele tirou da Debbie para criar sua ArtePop, ou também a capa da revista Interview com a imagem da Debbie, a camiseta BAD que ela também já vestiu e na parte de vídeo, trechos do Warhol TV na qual ela participou algumas vezes.   


Mas nem só de Blondie vive o homem né ? Existem fotos bacanas do Pelé, que Warhol disse ser o maior atleta do mundo e que teria muito mais que 15 minutos de fama, mas 15 séculos...fotos de Stallone, Schwarzenegger, Lisa Minelli, Joan Collins, Elizabeth Taylor e é claro, a icônica foto de Marilyn Monroe, um dos maiores ícones do século XX, alias, como todo mundo ali.

Sua "Factory" continua muito viva nesta mostra. Imperdível !!!



continua em novo post...

terça-feira, 18 de junho de 2024

Ramones (1974 - 1996)



Ramones foi uma das bandas mais emblemáticas do underground novaiorquino nos anos 70, considerados como o pai do movimento punk, ajudando a promover um movimento de renovação do rock e exportando o mesmo para as praias inglesas e consequentemente para o resto do mundo. Eles surgiram em Nova Iorque direto do distrito de Queen, área muito barra pesada nos anos 70. Praticamente 4 rapazes desocupados, que mau sabiam tocar mas que queria apenas mostrar seu rock para as massas ...ou quem quer que aparecesse na frente deles. Fizeram shows em circuitos reduzidos e underground de NY, mas logo se transformaram em uma grande atração do CBGB's, um bar inaugurado em 74, que deixava bandas novas tocar, onde saíram não só Ramones...como Talking Heads, Blondie, Pat Smith e tantos outros. Os Ramones foram pioneiros e líderes que consolidou a base do estilo musical com suas composições simples, minimalistas e repetitivas, depois intitulada como Punk Rock ! A banda começou como um trio Joey Ramone (Vocal) Tommy Ramone(Bateria) e Dee Dee Ramone (baixo) e posteriormente Johnny Ramone (guitarra). Mas ao longo dos anos, desentendimentos fizeram que alguns deles saíssem e dessem lugar a outros membros.



Ramones (1976) - Primeiro álbum, homônimo da banda. Lançado em 1976 ano que podemos dizer, começou o punk, através da gravadora independente Sire Records. O então quarteto original: Joey, Tommy, Dee Dee e Johnny entraram no estúdio para tirar de lá um álbum ou panfleto de um novo rock...as voltas a origem. Já começa com três acordes e um som cru mas juvenil da faixa "Blitzkrieg Bop", primeiro single e com um refrão pegajoso: Hey, ho! Let's Go!, expressão baseada em um grito de guerra. A música alias, sempre esteve presentes em coletâneas e gravações da banda e é bastante simbólica, nascendo ali um clássico. Segue com  "Beat On The Brat" , outra faixa rock'n'roll com boa pegada com os mesmos acordes com um refrão bastante cômico e juvenil com letras até violentas tipo: Oh, sim, oh, sim, uh-oh...bata no pirralho...com um taco de baseball. Isto mostra que os caras não vieram pra brincadeira. "Judy Is A Punk", a seguinte é outra pauleira punk que tem sobrevivido ao longo dos anos, não é melhor que as anteriores, mas praticamente os caras não conseguem parar. "I Wanna Be Your Boyfriend" , a primeira balada do álbum, aqui um clima meio anos 60, resgate de um som bastante perdido, segundo eles, com uma letra inocente sobre namoro. Na sequência "Now I Wanna Sniff Some Glue", "I Don't Wanna Go Down To The Basement" e "Loudmouth", parece seguir quase a mesma linha de baixo/guitarra altos e pesados com bateria desenfreada. As próximas tem poucas variações como as anteriores, "Havana Affair" tem uma letra cômica sobre um agente duplo cubano espionando para CIA. Já "Listen To My Heart", tem uma pegada com variações na música, o que deixa ela bem mais interessante e é uma música com a marca registrada da banda que usa o 1,2,3,4 e rola o som...com uma letra romântica muito simplista, mas o que importa é o rock. "53rd & 3rd" , parece se tratar sobre prostituição masculina de um ex-veterano do Vietnã, mas continua como um rock pesado."Let's Dance", é o que a música diz, uma letra sobre dançar com a namorada e nada mais e a canção não varia muito. Chegamos a "I Don't Wanna Walk Around With You", é uma pauleira punk interessante pois possui variações na canção e o álbum finaliza com "Today Your Love, Tomorrow The World" mais um 1, 2, 3, 4 sem variação, mas com uma letra de temática meio nazista, o que pode ser polêmico, mas acredito que seja uma crítica. Então senhoras e senhoras aqui está o debut dos Ramones, com um álbum juvenil bem cru, com algumas baladas e no mais, parece ser uma mistura de crítica social com estórias de gente comum tentando um lugar ao sol com amores furtivos, racismo, nazismo, prostituição e drogas. Tão simples assim mas pesado em uma época conturbada, dificilmente você diria que a banda teria um lugar no panteão dos grandes do rock'n'roll...talvez porque ninguém fazia algo tão simples assim e barulhento...mas deu certo para eles. O álbum chegou a ...100° lugar nas parada da Billboard...


Leave Home (1977) -  Segundo álbum dos Ramones lançado no ano seguinte ao primeiro álbum, pela Sire Records. Em 1976, o mundo ficou chocado com o primeiro álbum do Ramones. O disco, que levava o nome da banda, chamava a atenção pelas músicas simples, rápidas e que grudavam fácil na cabeça, e ali o punk rock começou a nascer e tomar forma. Nesta segunda vinda dos Ramones, começamos com "Glad to See You Go", musica que tenta grudar um refrão logo de cara no meio da cena pauleira punk falando de um relacionamento abusivo com uma garota e citando o infame Charles Manson. Segue "Gimme Gimme Shock Treatment", outro rock curto e grosso, mas juvenil que fala sobre uma pessoa gostar de um tratamento de choque pra se sentir melhor. "I Remember You", um rock balada com letra simplória sobre lembranças de uma antiga namorada. "Oh Oh I Love Her So", aqui o rock da banda já está mais bem produzido, é uma balada bacana não soando apenas o mais do mesmo do álbum anterior, com outra letra sobre amor-namorada-rolê por NY. "Carbona Not Glue", é pauleira comum da banda, mas "Suzy Is a Headbanger", tem variações na música o que deixa ela mais interessante sobre uma garota metaleira com uma mãe...nerd. "Pinhead", é uma paulera punk com o refrão icônico dos Ramones, Gabba-gabba-hey..."Now I Wanna Be a Good Boy", uma paleira de um rapaz arrependido por ter sido um garoto mau e que agora quer ser um garoto bom. "Swallow My Pride", é uma balada roqueira que lembra depois o que os Raimundos do Brasil fizeram e "What's Your Game", é outra balada interessante com variações dentro da música diversificando um pouco. "Califórnia Sun", é uma pauleira comum e divertida com letra sobre ir pra California onde tem mulheres lindas e muita diversão. "Commando" tem um refrão interessante e muita pegada punk sobre soldados que servem tanto na Alemanha quanto no Vietnã. "You're Gonna Kill That Girl", parece sem muita variação e sem noção sobre violência a uma garota na rua testemunhado por alguém e "You Should Never Have Opened That Door" tem variação, uma pegada pesada e refrão instigante e letra sobre um serial killer...Então em termos gerais este segundo álbum segue a mesma fórmula do anterior, apostando na simplicidade. Existe uma ligeira evolução na produção, o que tornou o som mais legal ainda. O resultado? Um ótimo disco, que figura entre os preferidos pelos fãs da banda, principalmente os que gostam dos primeiros lançamentos. E a meu ver, algo que apesar da pauleira e sem identificar hits (como o primeiro álbum), tem esta pequena evolução, o mesmo porque os fãs do punk, não gostam muito de variações radicais. E dá para ver que muitas bandas aqui no Brasil (sem contar no resto do mundo), beberam nesta paulera direta dos caras, sinto isto quando escuto Legião, Raimundos ou Plebe Rude. O álbum no mainstream chegou apenas a 148° lugar na Billboard, muito pior que o primeiro álbum, mas conseguiu pontuar do outro lado do Atlântico chegando aos charts britânicos na 45º posição fazendo a molecada de lá pronta para fazer o punk como ordem do dia...

Rocket to Russia (1977) - Terceiro álbum produzido pela Sire Records, realizado alguns meses depois do segundo e já mostrando a banda em perfeita harmonia e bastante criatividade. Foi o último álbum do baterista Tommy Ramone, que passou a ficar na produção. "Cretin Hop" começa com a paulera habitual da banda, mas já sentimos aqui uma evolução da melodia não apenas agitada, mas tentando encaixar uma certa harmonia e a letra sobre uma dança de pessoas cretinas e um coro 1,2,3,4 no refrão, não no começo da música que é habitual deles. "Rockaway Beach", faixa com muita agitação e com ligação nos anos 60 e a música de praia daquele período, o surf rock. "Here Today, Gone Tomorrow", esta faixa é uma balada meio ausente do álbum anterior, mostrando que a banda já estava querendo agradar vários fãs. A letra fala de uma desilusão amorosa. Gostei muito. "Locket Love" é uma balada agitada e romântica (apesar de ser pesada). "I Don't Care" faixa pauleira com variação com letra simples e rápida."Sheena Is a Punk Rocker" faixa que é parte dos hits da banda, bastante conhecida com ritmo frenético, bastante influencia pelo surf rock e anos 60 e baseada em quadrinhos. "We're A Happy Family" paulera e crítica a composição familiar o que parecia ser bem comum da origem dos membros da banda. A música inclusive tem uma parte falada meio cacofônica. "Teenage Lobotomy"  mais uma conhecida pauleira punk rock. "Do You Wanna Dance?" , cover de uma conhecida canção dos anos 50 regravada dezenas de vezes, aqui uma paulera rápida e direta.  "I Wanna Be Well", esta faixa merece um destaque, eu conheci ela na faculdade dos colegas de república que cantavam o dia inteiro onde eu mesmo passei a cantarolar por muito tempo...sem nunca tê-la escutado. Agora, 30 anos depois, eu escutei e achei bacana, é uma balada até lenta mas cujo refrão fica pregado na cabeça. "I Can't Give You Anything", punk rock com refrão pegajoso mas engajado, muito interessante sobre um cara pobre pedindo pra trazer coisas saqueadas pra casa..."Ramona", uau, uma baladinha romântica legal cheia de variações, sobre uma garota chamada Ramona, possivelmente uma fã da banda homenageada. "Surfin' Bird"  é outro cover, lançado originalmente em 1963, com os Ramones fazendo uma grande versão bem punk misturado com surf rock, embala bastante. "Why Is It Always This Way" é mais um punk rock bem construído com ecos do som dos anos 60, mas cuja letra é de uma lembrança de uma garota que se suicidou... Novamente, os Ramones contra atacam, desta vez, demitindo todo o obvio das duas produções anteriores, mostram cada vez mais refinados, atualizados, com um som cru, mas com ligações com o surf rock e anos 60 além de outras influências sem esquecer a paulera punk e suas letra acidas. As músicas estão cada vez mais trabalhadas neste terceiro disco. O álbum conseguiu recuperar e ir além nas posições da Billboard americana chegando a 70° lugar e 60° no Reino Unido, já influenciando o movimento punk inglês que logo geraria The Clash e Sex Pistols. Melhor álbum da banda até aqui.

Road to Ruin (1978) -  Quarto álbum produzido pela Sire Records. O primeiro álbum com Mark Ramone na batera que ficou no lugar de Tommy que partiu apenas para produção dos álbuns da banda. A banda já eram referência e lenda viva neste período curto de tempo. O Punk estava se difundindo no mundo, principalmente no Reino Unido e os Ramones não paravam de produzir música e fazer shows. O álbum começa com "I Just want to have something to do", que alias é um musicão, pesada com variações e refrões fáceis de grudar na cabeça, virou hit fácil. Segue para "I Wanted everything" outra paulera interessante que depois influenciou...Polícia do Titãs, então chegamos a "Don't Come Close" , uma balada com batida forte e lembrando as músicas do disco anterior, um pouco de surf rock e aqui consegui até sentir uma 'chorada de guitarra', comum do mainstream do rock, que alias, eles estavam afastados quando começaram. Temos em seguida "I don't want you", paleira mais no ritmo comum dos primeiros álbuns da banda. "Needles and Pins"  é uma balada cover da banda The Searchers de Sonny Bono, sobre uma obsessão a uma garota e como usar alfinetes e agulhas pra causar dor.. "I'm Against It", mais uma paulera punk sobre não gostar de nada...nem de religião ou...burger king...é uma música de protesto juvenil punk total. "I Wanna Be Sedated", esta música é sensacional, pois é um dos maiores hits da banda, sobre uma vida agitada dos próprios que seria melhor se tivessem sedados..um rock que deixa muita gente agitada. "Go Mental", mais uma paulera punk desta vez com letras cantadas de forma mais lenta sobre ser um intelectual e ser idiota parecendo se trata de um doente mental que matou a própria família. "Questioningly", uau, uma baladinha lentinha meio anos 60 legalzinha, alias, não imaginaria o Ramones tocando isto...surpresa interessante e a letra fala de uma desilusão amorosa. "She's the One", balada mais pesada e com refrão pegajoso e interessante, dá pra chacoalhar, esta aqui uma pegada amorosa e romântica, sem dramas de desilusões. "Bad Brain", já pula novamente para uma paulera, mas com variações bem interessantes, principalmente no final e letra de um cara que foi nota 10 na escola e agora estava perdido e desiludido. E fecha o álbum pela primeira vez com 12 músicas e não 14 como anteriormente com "It's a Long Way Back", tenta ser uma balada pauleira com variações diferentes e riffs de guitarra melhor construída o que torna a música bem interessante e agradável e outro fator interessante é uma letra intensa sobre uma viagem a California e o sonho americano com estórias de vida por trás, nada de letras simples aqui. Um álbum bacana, se o álbum Rocket to Russia, era uma surpresa por sua variação este aqui é ainda melhor, mostrando que os Ramones, apesar de ser uma banda de 3 acordes e punk rock, sabe muito bem criar música interessante, não apenas o mais do mesmo. Já considero o melhor da banda. A entrada de Mark Ramone, foi bastante proveitosa, vemos a bateria com mais cadência do que os trabalhos anteriores. Nesta época estavam enfrentando o som intenso da Discoteca, marcando apenas o 103° lugar da Billboard, sim, um álbum muito melhor, mas que parece ter sido ignorado nos States, mas não no Reino Unido que alcançou a marca de 32° lugar subindo várias posições. 


It's Alive (1979) - Enquanto a gravadora preparava um quinto álbum, que seria produzido pelo lendário Phil Spector, e aproveitando a demanda dos fãs por mais Ramones, que naquela altura comandava o movimento punk, foi autorizado pela Sire a produção de um álbum duplo ao vivo. Gravado de um show no  Rainbow Theatre em  Londres em 31 de dezembro de 1977. Músicas dos 3 primeiros álbuns no caso Ramones, Leave Home e Rocket to Russia. O que eu disser aqui não é exatamente baseado no álbum, mas no vídeo da performance ao vivo, o que em termos gerais são bem menos música. Prefiro ver as performances ao vivo para ter a noção exata da dimensão que a música embala as pessoas e a postura da banda. Foi um show louco, em clube fechado, com uma galera bastante agitada a ponto de quase invadir o palco (o que em algumas ocasiões do show isto quase acontece, mas tem a ajuda dos seguranças para consertar a situação). Começa com "Blitzkrieg Bop" que já deixa todo mundo pulando e agitado e segue com "I Wanna Be Well" e vai seguindo "Glad to See You Go","You’re Gonna Kill That Girl" e a louca "Commando", onde ninguém mais consegue ficar parado, coisas são atiradas pra todo lado, a agitação é real e até perigosa ali no meio da galera."Havana Affair","Cretin Hop", "Listen to My Heart", "I Don’t Wanna Walk Around With You",então chega o momento de "Pinhead", onde Joey Ramone o vocalista, levanta a placa do gabba gabba hey e  felicitando o Feliz Ano Novo pra toda galera, ao mesmo tempo que confetes e serpentinas misturado com fumaça e sei lá mais o quê, caem em cima do público super agitado. "Do You Wanna Dance?", "Now I Wanna Be a Good Boy","Now I Wanna Sniff Some Glue", "We’re A Happy Family" finaliza tudo. Então vc assisti ali a algo realmente maluco, a banda tem sua pose própria de show, Joey, o vocal quase parado e em sua posição que seria imitado por muitos,  Johnny com sua guitarra em uma posição sem igual tocando em ritmo frenético quase um robô , Tommy na sua batera afundada agitando sua baqueta levantada e derrubada e finalmente Dee Dee, que pula, agita, as vezes faz o backing vocal e não deixa seu baixo parar um segundo. Quem assiste sem conhecer a banda vai achar que eles passaram o show inteiro, tocando apenas a mesma música com poucas variações...mas o que é o punk se não três acordes que mudaram o mundo ? Som pesado, cru , sujo , mas que ninguém ficará parado, quando tocado... 


End of the Century (1980) - Quinto álbum produzido pela Sire, desta vez com o lendário produtor Phil Spector, e sem a produção de Tommy (que até então produzia os álbuns). Durante a gravação houve muitas desavenças entre Spector e a banda a ponto do produtor ir armado para o estúdio exigindo muito dos caras. Mas será que deu resultado ? Primeira faixa mostra que havia muitas mudanças a vista. "Do You Remember Rock 'n' Roll Radio?", é um rock pesado com ritmação vibrante e contagiante que tem no seu início e fim, algo parecido como uma sintonia de uma rádio apresentando o Ramones. A faixa foi single e tem um clip bacana, nela podemos sentir algo que não havia em produções anteriores dos Ramones, como o uso de piano, trompete, trompa, saxofone e sintetizador, junto com guitarra, bateria e baixo padrão, uma marca registrada do produtor Spector. "I'm Affected", sobre um amor doentio, uma balada pesada legal."Danny Says", uma faixa de balada romântica e lenta, composta pelo Joey, para sua então namorada (que depois o largaria pra ficar com Johnny Ramone), é uma música lenta que quase foge do padrão da banda, ela parece muito com os Beatles no começo da carreira ou Beach Boys. "Chinese Rock", é um punk rock daqueles bem paulera, mas com variações, não da pra ficar parado, muita agitação, mas tem uma letra pesada, sobre o vício de Dee Dee por heroína (pedras chinesas da música) e toda uma estória sobre deixar a namorada e ir até a 'boca' pegar mais pedras... "The Return of Jackie and Judy", focado no rockabilly dos anos 50 aqui...mais uma balada pesada com inspiração no passado, mas como uma letra de um casal que se adora e vai ver o show...dos Ramones..."Let's Go", mais paleira que não acaba, pra quem achava que seria um álbum diferente...esta aqui tem um refrão pegajoso e agitado, ao vivo teria sido o máximo, com a letra sobre um soldado que se alista por diversão mas encontra outra coisa na guerra... "Baby, I Love You" , é um cover do The Ronettes uma das banda que o Spector produzia e cuja parte da composição é dele. Esta faixa tem uma batida interessante e calma, com uma letra romântica, algo até surpreendente em se tratando de Ramones, mas eles se saíram bem, para uma canção de amor... "I Can't Make It on Time", música de agitação interessante e rock pesado com variações e refrão chamativo e dançante, letra até simplória sobre alguém que precisa ...esperar!. Na seguinte, "This Ain't Havana", achei estranho a letra desta faixa...uma conotação racial ? "Ba-ba-banana, isso não é Havana...Você gosta de bananas, ba-ba-bananas?", fica a questão para os ouvintes, mas a faixa é pesadona tipo heavy Metal. "Rock 'n' Roll High School", música que bebe bastante do rock dos anos 50/60 original, com uma letra de diversão roqueira sobre uma escola de rock onde o que só interessa é a baderna geral. "All the Way" faixa paulera quase um heavy metal, os caras querem tocar pesado mesmo, com uma letra sobre caos para um cara que não está nem ai e que nem sobreviveria pro ano seguinte, no caso 1981. "High Risk Insurance", mais uma faixa paulera, típica da banda sobre um soldado que sabe todos os riscos de estar em um conflito. O álbum começa mostrando que Spector quer levar os caras para um outro caminho, mas isto fica evidente que eles querem seguir o que sempre foram, uma banda rock punk com sons pesados do meio do disco pra frente, quase retornado aos sons dos primeiros álbuns...mas também na mão de Spector, moldou sons interessantes que eles poderão trilhar quando quiserem para chegar ao mainstream. O álbum foi muito bem recebido, chegando a uma inédita 30° posição na Billboard e 14° nos charts ingleses onde são praticamente reis. End Of The Century abordou uma variedade muito maior de temas em suas músicas que os trabalhos anteriores dos Ramones, rendendo uma classificação alta entre os críticos e, de fato, abriu caminho para um novo público conhecer a banda.

Pleasant Dreams (1981) - Sexto álbum produzido pela Sire, o primeiro sem covers de outros artistas e com novo produtor Graham Gouldman. E olha que logo no inicio a primeira música, mostra um grande trabalho de produção "We Want The Airwaves", balada pesada com bom trabalhos na guitarra e bateria, fico imaginando se o resto do álbum terá todo este trabalho de produção ou se será apenas no começo, com a letra falando sobre a banda querer as ondas de transmissão nem que seja a força pra tocar suas músicas... "All's Quiet On The Eastern Front" , outra faixa interessante, com uma pegada hard rock com uma letra urbana sobre o submundo de NY. "The KKK Took My Baby Away" , faixa construída em uma balada roqueira com uma história de fundo e que foi várias vezes regravadas por diferentes artistas. A letra é pesada falando sobre uma namorada sequestrada pela Ku Klux Klan, na qual se pede ajuda para o governo resgata-la, chegando a apelar para o Presidente e para o FBI.  "Don't Go" , outra faixa muito interessante com pegada punk rock e anos 60, simplicidade mas batidas cadenciadas, mas com uma letra bem simplista sobre uma desilusão amorosa (algo que parece comum na carreira da banda). "You Sound Like You're Sick", uma música muito bem construída com vários elementos fora de uma banda de rock comum, como sintetizadores e com várias variações como viradas de guitarra e até coro, em uma música até rock dançante, cuja letra fala sobre um doente mental que foi para uma instituição . "It's Not My Place" (In The 9 To 5 World), uma faixa lembrando até um rock do Iggy Pop, uma balada rock novamente. A letra dela fala de um cara que não acha o lugar no mundo, vindo de uma família onde os pais vivem brigando, com citações sobre programas de TV, show do Floyd e do Ramones, sobrou até para o Phil Spector, o produtor desafeto do disco anterior."She's A Sensation", punk rock dançante com variações  e uma boa batida da bateria de Marky é mais uma música sobre garotas, e obsessão por uma delas. "7-11", bem anos 60, surf rock, batidas bacana e viradas legais bem dançante em mais uma música sobre garotas, sobre namorados com citações de música do Ramones (eles adoram se autopromover), e até Beach boys. "You Didn't Mean Anything To Me", música bem construída, a banda até tenta algumas variações como viradas de bateria e riffs primários, mostrando que eles tinham evoluído e a letra é mais uma sombria sobre desilusão amorosa. "Come On Now" , música bem agitada com pegada punk de letras  simples de um desajustado que é perseguido pela polícia. "This Business Is Killing Me" música com batida meio esquisofrênica, mas que cresce com coro e riffs e batida da bateria com letra sobre os neuras de um sujeito. "Sitting In My Room" punk rock bem cadenciado com outra letra sobre desajustados , do 'eu contra eles'...Em termos gerais sobre este álbum, só eu achei que a banda estava seguindo uma nova direção sem abandonar realmente o punk rock ? Aqui as músicas estão muito bem trabalhadas que os álbuns anteriores, eles tem conseguido melhorar bastante de álbum a álbum. Então vale a pena uma escutada. Outro álbum legal, achei até melhor que o anterior. Caiu posições na Billboard relacionado ao anterior, 58° lugar, não teve pontuação nos charts ingleses, sem um motivo aparente, já que eles eram muito famosos por lá...

Subterranean Jungle (1983) - Sétimo álbum produzido pela Sire, com novos produtores, Ritchie Cordell e Glen Kolotkin, que estavam envolvidos na banda de Joan Jett. Eles partiram para um álbum muito mais pesado que os anteriores. As gravações estavam conturbadas pois os membros estavam se estranhando principalmente Joey e Marky e Dee Dee, com problemas de drogas. Esta primeira faixa, "Little Bit O' Soul"é um cover de 1965 da banda Coventry, então existem elementos de música eletrônica primitiva nela quase resgatando o pop music da mesma, mas é uma música de batida pesada. "I Need Your Love" é o cover de uma banda dos anos 70 chamada Boyfriends, que por sua vez é uma balada meio pop com batida pesada como a anterior, mas sem os elementos especiais. "Outsider", música dos próprio Ramones, que fala sobre um cara que se sente excluído da sociedade e que não economizam na batida mas com muita cadência dos integrantes, mostrando um bom entrosamento. "What'd Ya Do?", sobre mais uma desilusão amorosa e mais uma com boa batida, os caras estão mostrando que o álbum terá mesmo uma pegada hard rock. "Highest Trails Above", mais um hard rock sobre altos e baixos de um sujeito. "Somebody Like Me", um punk rock que lembra bastante os primeiros singles com batidas até parecidas mas que se desenvolve no meio de toda paulera, terminando em tom repetitivo cuja letra fala de um cara que gosta de rock e um pouco de vinho e um ...tubo de cola...e quer viver sua vida punk e não quer voltar pra escola.  "Psycho Therapy", pesadona com efeitos de carro da polícia e palavras de ordem com letra com pegada de revolta sobre um adolescente esquizofrênico com pais problemáticos... "Time Has Come Today" outro cover que foi lançado em 1967 pelo grupo the Chambers Brothers, originalmente soul music...aqui transformada em quase música de banda de garagem com pegada  psychedelic rock e hard rock. "My-My Kind of a Girl", tem uma letra romântica sobre uma garota,  com uma pegada de balada revisada e punk anos 60..."In the Park", gostei desta faixa, com uma pegada balada punk estilo..Ramones...uma das melhores do disco, ela é bem construída. "Time Bomb", mais hard rock/punk, os caras não cansam...com uma letra sobre um cara que até mataria os pais pra ficar com uma garota... "Everytime I Eat Vegetables It Makes Me Think of You", faixa final, assim como a primeira faixa, é uma das mais trabalhadas com direito a riffs de guitarra e até coro e alguns efeitos com uma letra de uma estória estranha sobre um cara que come vegetais lembrando de uma garota que levaram embora pra longe... Então, achei o disco mais esquizofrênico como de costume deles, mais pesado, mas não como os primeiros, aqui no sentido de ter músicas mais trabalhadas, apesar de não haver nenhum hit que lembre, mas tem algumas boas músicas. Um álbum que o Ramones meio que tenta colocar um pé entre o hard rock e heavy metal, sem abandonar o punk, quase uma resposta as tentativas de serem mais pop nos dois anteriores... praticamente não existe balada lenta aqui, até as românticas são pesadas. Na Billboard, foi posição 83° e não tem pontuação no Reino Unido. 


Too Tough to Die (1984) -Oitavo álbum produzido pela Sire. Aqui temos uma mudança, sai Marky Ramone na batera e entra Richie Ramone, com Tommy Ramone voltando a produção mas creditado como T. Erdelyi com ajuda de Ed Stasium.  "Mama's Boy", já começa com paulera, sobre um cara que não consegue um rumo na vida, só um eterno fracasso garotinho da mamãe.  "I'm Not Afraid of Life", outra paulera, cada vez mais heavy metal sobre um cara sem medo da vida apesar do mundo insano que vive. "Too Tough to Die", mais guitarras pesadas e muita batida, sobre um cara que se acha durão e muito difícil de morrer . "Durango 95", surpreendentemente sem vocal, pesada e muitas batidas totalmente instrumental. "Wart Hog", até aqui não só as músicas estão pesadas como as letras também,  citando drogas e drogados.  "Danger Zone" uma paulera bem metal sobre uma juventude sem rumo em NY... "Chasing the Night" é um hard rock com uma cadência bacana e um refrão que requebra bastante com uma mensagem que a noite na cidade é cheia de emoções e que nada irá para estes punks. "Howling at the Moon (Sha-La-La)", que música deliciosa de escutar, é bem anos 60 atualizados para o hard rock, com um refrão contagiante, talvez a melhor música do disco. A letra é simples e disconsertante contra o estado atual das coisas (política e social).  "Daytime Dilemma (Dangers of Love)", outra música bacana que soa até meio pop, apesar da paulera hard rock, sobre uma garota que tinha um lar perfeito e boa aluna, mas no fundo as coisas não eram assim. "Planet Earth 1988",  escutando esta musica me lembrou "New Sensations" do INXS, possivelmente a banda australiana tirou muita coisa daqui, pois ela assume uma new wave paulera bastante interessante que pode até destoar um pouco do que a banda fazia, com a letra fazendo um alerta futurista para o ano de 1988 (que seria 4 anos depois do lançamento da música), falando sobre guerras no mundo, terrorismo, racismo, fome.... "Humankind" mais uma paulera metal normal cuja a letra fala sobre a indiferença da humanidade para os problemas do dia a dia. "Endless Vacation" , esta música tem uma virada durante o refrão, bastante estranha e esquizofrênica, acelerada..e depois volta a paulera normal. Não gostei muito. A letra é uma neurose total, tem até citação a Carrie, a Estranha. "No Go", esta aqui é legal, batida punk com uma pegada rockabill anos 50, imagine se Elvis fosse punk...e fala sobre um assassinato...Neste disco Marky tenta trazer os Ramones novamente para suas origens de punk rock com muito hard rock e Heavy Metal prevalecendo sobre qualquer coisa mais pop. As músicas também são cada vez mais pesadas com temas sobre loucura, falta de empatia , drogas, prostituição e mundo cão. Eles meio que não gostaram da produção dos álbuns anteriores com os produtores famosos e resolveram fazer eles mesmos voltando as origens, mas lembrando que a experiência no estúdio passada com aqueles profissionais, ajudaram a montar músicas mais bem produzidas e trabalhadas. A Billboard e o mainstream não ajudaram nem um pouco os caras, 171 ° posição, a pior da carreira mas conseguiram pontuar no Reino Unido na 63°, também a pior...Mas o disco vale muito a pena para quem ama o rock pesado e bem construído.

Animal Boy (1986) -  Novo álbum dos Ramones pela Sire Records . A banda estava com brigas internas cada vez mais acirradas entre Jonnhy e Joey, por questão de uma namorada roubada e Dee Dee começou a segurar as pontas e até cantou em algumas faixas, Richie também contribuiu com algumas composições. Jean Beauvoir, que produziu o álbum até ajudou em composição e também como músico de estúdio adicional em algumas faixas. Como o álbum Pleasant Dreams de 1981, Ramones compôs todas as canções sem covers. Então você começa a escutar e logo de cara as músicas são só pauleras pesadas tipo heavy metal como "Somebody Put Something in My Drink", cuja letra fala sobre um bêbado que acha que alguém colocou algo na bebida dele e sai chutando tudo no bar.  "Animal Boy", sobre um cara que não se acha doido mas tá muito revoltado.  "Love Kills", faixa que fala de duas lendas do punk, o casal Sid e Nancy e ainda faz um apelo ...antidrogas, como 'heroína mata' e no final ainda chama o casal de perdedores e para surpresa quem canta é Dee Dee e não Joey. "Apeman Hop", fala sobre um troglodita homem-macaco, não sei se está falando de alguém ou dos homens pré-históricos, fica uma dúvida no ar. A sequência paulera metal é interrompida pela faixa, "She Belongs to Me", uma grata surpresa, quase um pop com ligações com a new wave, mas ainda sim um pouco pesada, dá uma aliviada depois de tanta batida das faixas anteriores, diria até que seria a melhor música do disco e uma das melhores dos Ramones, gostei. A letra fala sobre a disputa de dois caras pelo amor de uma garota...uma indireta de Joey pra Johnny, que teve a namorada roubada ? Pode ser, mas a letra é de Dee Dee Ramone. "Crummy Stuff", paulera punk sem muita variação meio hardcore, sobre um cara que acha que está tudo ruim, a vida, a TV, coisas, pessoas. "My Brain Is Hanging Upside Down (Bonzo Goes to Bitburg)" música punk de protesto e até bem executada com efeitos lembrando quase uma new wave e fala sobre uma visita do Presidente Reagan a um cermitério nazista na Alemanha, uma crítica aos políticos americanos.  "Mental Hell", volta o heavy metal, com letra sobre os problema mentais de um cara perturbado. "Eat That Rat" bem punk hardcore, pesada com letra como crítica social contra os poderosos e pessoas do poder cantada por Dee Dee. "Freak of Nature", mais um punk hardcore, com letra de autodepreciação emocional de um cara. "Hair of the Dog" outro metal sobre um cara preguiçoso que acabou de acordar e tem 'cabelo de cachorro'... "Something to Believe In", balada interessante e mais cadenciada cheia de variações com efeitos e até riffs de guitarra e virada de bateria com uma letra mais pra cima, apesar dos pesares depreciativos, um cara que tenta um apoio de alguém para ter uma vida mais normal. Musica que é a segunda melhor neste álbum. A meu ver, cada vez mais pesado, os Ramones já tiveram produções melhores, mas deixaram de lado para uma experiência mais pesada para seus fãs, então temos alguns momentos interessantes, mas faltou um pouco mais de baladas...Melhorou pouquinhas posições na Billboard, 143º e chegando na 38º no Reino Unido, onde são muito mais influentes.


Halfway to Sanity (1987) - Décimo álbum dos Ramones com o selo Sire Records. Este será o último álbum com Richie Ramone na bateria. Daniel Rey assume a produção deste álbum junto com os Ramones. Foi marcado pelos membros da banda que discordaram em muitas coisas durante a produção do álbum, e o produtor Rey os descreveu como impacientes. Novamente, como o anterior, um álbum sem cover, totalmente composto pelos Ramones . "I Wanna Live", um hard rock interessante sobre um cara assassino que se acha um deus cigano... "Bop 'Til You Drop", muito heavy Metal sobre um cara que deixa bater até cair..."Garden of Serenity", bem  hard rock sobre um convite de um cara(a morte) pra uma garota ir com ele pra o jardim da sanidade..."Weasel Face" punk rock hardcore total, sobre um cara sem futuro perdido nos seus próprios medos pedindo ajuda..."Go Lil' Camaro Go", punk rock que remete aos inocentes rocks da década de 50, com a presença de ninguém mais, ninguém menos que a ...Debbie Harry do Blondie...sobre carro, garota e rolês...na verdade uma homenagem ao antigo Camaro que a Debbie tinha e saia com a galera antes da fama. "I Know Better Now"  punk rock com várias variações composta por Richie Ramone, sobre sua infância difícil tentando provar a família que não seria um delinquente juvenil. "Death of Me" metal total com riffs forte na guitarra e muita batida sobre um cara falando pra namorada sobre parar com as loucuras se não irá morrer..."I Lost My Mind", punk hardcore com muita gritaria cuja letra fala sobre perder a mente, cantada por Dee Dee..."A Real Cool Time" um hard rock meio anos 60 com uma pegada de balada romântica cheia de variações sobre uma cantada a uma garota pra ela não ficar sozinha. "I'm Not Jesus" rock heavy metal na qual o cara se nega a Jesus e a religião cristã...nada legal. "Bye Bye Baby", uma balada romântica de meia batida bem anos 60, já fazia tempo que os Ramones não faziam uma, aqui fala sobre as lembranças boas de um namoro que acabou e o álbum finaliza com "Worm Man", um punk hardcore gritado sem muita inspiração, sobre um homem verme que ninguém gosta, ninguém quer e que deseja estar morto... Em geral neste álbum os gêneros variaram significativamente ao longo dele com algumas músicas mostrando a influência do hard rock, heavy metal e crossover trash, enquanto outras apresentavam um som pop chiclete. Então é mais um álbum médio interessante, não senti novamente nenhum hit, vale pela Debbie Harry aqui e duas músicas mais interessantes. Álbum ficou na posição 108° da Billboard e 78° no Reino Unido.


Brain Drain (1989) - 11° álbum dos Ramones lançado pela Sire Records. Foi o último álbum do baixista Dee Dee Ramone, e o retorno de Marky Ramone após a saída de Richie Ramone. Produção a três Bill Laswell,Jean Beauvoir e Daniel Rey. A faixa que abre o álbum é inclusive música composta por Dee Dee, e finalmente um hit que chegou aos meus ouvidos via rádio neste período, "I Believe in Miracles", teve clip na TV, é tocada até hoje um hard rock bacana um dos melhores momentos dos Ramones, depois todos estes anos. E incrível que a música fala sobre uma vida de excessos e que o cara foi salvo por um milagre e que acredita neles e que todos possam conseguir um na vida, pois ele era um exemplo daquele milagre. Música surpreendentemente positiva ! "Zero Zero UFO", outro hard rock com variação quase punk , com letra bem interessante que fala sobre um avistamento de um óvni, e que eles acreditam que a mídia mente sobre o assunto. "Don't Bust My Chops", punk rock cadenciado sobre um cara que está de saco cheio da namorada chata. "Punishment Fits the Crime" faixa meio balada rock com toques do final dos anos 60, com variações interessantes e cadência boa de guitarra e bateria, lembrando som de Iggy Pop, com direito até a choro de guitarra cuja letra fala sobre um cara no corredor da morte que ainda sonha com uma possível liberdade. "All Screwed Up", muita bateria alucinada no início dá a falsa impressão de paulera metal, mas não se engane é uma balada hard rock bacana cuja letra fala de um cara que sente muito a falta da namorada. "Palisades Park" com sua batida pesada é uma boa variação de rockabilly bem feita cuja letra fala de um cara que foi fazer um passeio noturno no Palisades Park, pra encontrar garotas. "Pet Sematary", musica que virou um dos maiores hits da carreira do Ramones, com letra do Dee Dee, grande compositor, e uma ótima pegada e muito bem trabalhada quase um pop roqueiro punk, virou clássico já que foi tema de filme de terror do mesmo nome e fala de um cara que não quer ser enterrado em um cemitério de animais cujo os mortos ressuscitam. "Learn to Listen", é o velho punk rock românico, com uma pegada legal da guitarra e bateria (o retorno de Marky ajudou bastante) cuja letra fala em aprender a ouvir... "Can't Get You Outta My Mind", balada pesada e bem trabalhada lembrando tanto "I Believe in Miracles" ou "Pet Sematary", gostei bastante cuja letra simples fala de um cara que não consegue tirar uma garota com quem se apaixonou da cabeça. "Ignorance Is Bliss" um hard rock bem bacana e bem produzido com palavras de ordem dizendo que a ignorância é a felicidade pra muita gente que não quer entender o mundo deixando os políticos fazerem seu papel sujo. "Come Back, Baby"  é mais um punk rock hardcore, com algumas partes berradas. Nada muito interessante, cuja a letra fala de um cara desesperado para ter a namorada de volta. "Merry Christmas (I Don't Want to Fight Tonight)" - Uau, uma balada punk...de Natal sobre um cara que quer curtir a felicidade do dia de Natal e não brigar e atrapalhar tudo. É incrível que depois de vários álbuns pauleras com o Ramones se aproximando cada vez mais ao Punk rock Hardcore e ao Heavy Metal, eles façam um álbum mais ameno e um pouco mais comercial. Então tenho pensamentos positivos dele, pois algumas coisas boas chegaram as rádios. Foi um ótimo álbum pra mim. Uma pena que Dee Dee partiu depois dele. Mesmo assim, eles não subiram na Billboard, ficando na posição 122° e no Reino Unido chegaram na posição 75°...





Loco Live (1991/1992) - 2° álbum ao vivo da banda, desta vez saindo por uma nova gravadora, a Chrysalis , sendo que a Sire lançou sua própria versão em 1992 (sendo este o último álbum desta gravadora). Gravado de um show em Barcelona 1991 e já com o novo baixista, C.J. Ramone, que ficou no lugar de Dee Dee que havia saído da banda.




Mondo Bizarro (1992) - 12° álbum de estúdio dos Ramones, e o primeiro pela gravadora Chrysalis, já com C.J.Ramone nos baixos. Ed Stasium produziu. Começa com "Censorshit", um hard rock pesado que fala da reclamação dos Ramones com o selo Parental Advisory nos seus álbuns, um tipo de censura, devido os palavrões e os temas pesados como drogas, garotas fáceis , entre outras coisas, segundo a banda existem coisas piores como Déficit habitacionais, violência e fome. Segue de outra faixa hard rock mais pesada quase um metal, "The Job That Ate My Brain", sobre um cara que encara a difícil rotina de trabalhar "normalmente" , ter que acordar cedo, vestir terno e gravata e que é um problema mental cujo o trabalho come seu cérebro. "Poison Heart", faixa composta por Dee Dee Ramone, que deixou para banda e virou single de sucessso fazendo o álbum vender muito, um caso de ótima melodia e bom entrosamento da banda incluindo uma voz melhor trabalhada de Joey.Ela carrega em si a essência do punk rock, com uma melodia que combina um certo tom melancólico com a energia crua característica da banda. A letra da música fala sobre desilusão, dor e a busca por escapar de um mundo que parece estar repleto de corações envenenados. O 'coração envenenado' pode ser interpretado como uma metáfora para as pessoas que são corrompidas, desiludidas ou que carregam consigo algum tipo de negatividade que afeta os outros ao seu redor. "Anxiety", esta aqui é um punk rock com um refrão repetitivo quase robótico com influencia de rockabilly também. A letra fala sobre a ansiedade, que tenta manter a pessoa feliz...em um mundo louco..."Strength to Endure" hard rock básico  com variações quase pops, com uma música que se tornou hit nas rádios e ainda é muito lembrada, do começo ao fim, mostra todos os membros da banda muito bem entrosados, nada de músicos sem ritmo dos primeiros álbuns. A letra fala de um sujeito que anda as margens da sociedade mas se acha o maior atrás de uma garota que vai salva-lo da escuridão. Uma letra romântica ou mesmo tempo dura... "It's Gonna Be Alright" , um hard rock com pegada punk , mas boa música, e a letra é um agradecimento aos fãs da banda pelo suporte e dedicação ao longo dos anos, o que fazem eles esquecerem os momentos difíceis que tiveram. Muito bacana este agradecimento. "Take It as It Comes" (The Doors cover), eles adoram covers, né ? Uma versão hard rock/punk de uma música do Doors...deixando a mesma muito mais pesada, cuja letra fala de um cara que pede pra sua garota não ir muito rápido no relacionamento, pois ele irá durar mais tempo se for mais devagar. "Main Man"  uma pegada mais heavy metal cuja a letra fala de um bandido que pede pra que ninguém se importar com ele, pois ele já suportou prisão e drogas nas veias e sua estória está escrito em suas tatuagens e que seu número da sorte é o 13..."Tomorrow She Goes Away", punk rock bacana tem uma pegada legal , a letra é dúbia, o "ela" citado, pode ser uma moça que ele não quer ver nunca mais...ou drogas como cocaína ou heroína. "I Won't Let It Happen", esta aqui parece uma balada romântica dos anos 60 bem Beatles, mas a letra é muito estranha, sobre um cara que fala para uma garota que não irá deixar acontecer (não se sabe o quê ?) e o que vem fácil, volta fácil. "Cabbies on Crack", tem uma pegada quase metal com alguns riffs na guitarra com um cara falando que quer sair de um taxi de NY cujo motorista é um viciado em crack. "Heidi Is a Headcase" punk rock paulera sobre uma namorada chamada Heidi que seria um caso sério e finalmente "Touring" finaliza o álbum com uma pegada anos 50/60 com elementos punks misturados com surf rock e rockabilly. É gostosinha, cuja letra fala sobre a vida de rockstar da banda, onde estiveram tocando como Los Angeles, Londres, Tóquio (sim, omitem o Brasil onde estiveram algumas vezes) e falam que excursionar é algo chato, tudo dentro de um jato ou um ônibus fretado com um vídeo-cassete. Depois de todos estes anos, o Ramones ainda prova, que mesmo em uma nova gravadora, consegue tirar muito rock bacana, pois parece que estão começando agora, o que na verdade, já estavam chegando ao fim de uma jornada...Bom eles tinham publico fiel e não precisavam realmente de um público mais refinado, então o álbum foi apenas 190° na Billboard americana e 87° nos charts britânicos. Mas acredite, o álbum é ótimo.


Acid Eaters (1993) -  13° álbum de estúdio dos Ramones com a mesma formação do disco anterior e segundo álbum na Chrysalis. Com Scott Hackwith produtor. E um detalhe, é um álbum só de covers, sim, eles geralmente tocam covers na maioria de seus álbuns, mas chegou a hora de homenagear todas as bandas que os Ramones se deixaram influenciar. Começa com "Journey to the Center of the Mind"  (cover de The Amboy Dukes), em uma boa pegada hard rock, pra chocalhar os esqueletos."Substitute" (cover do The Who), olha só, versão raivosa punk rock desta canção, ficou muito interessante."Out of Time" (cover dos Rolling Stones), Ramones são bons com baladas quando querem e esta versão aqui dos Stones, fez jus a banda de origem, parabéns."The Shape of Things to Come"  (cover do Slade), versão barulhenta de uma música que já nasceu barulhenta quase torna ela um punk hardcore, mas o Ramones soube ali dar uma amenizada nela."Somebody to Love"  (cover do Jefferson Airplane), banda punk tocando rock psicodélico, é estranho mas é real, pode apostar, um casamento interessante."When I Was Young"  (cover do The Animals), nossa olha só o Ramones fazendo cover de banda baladeira dos anos 60, com direito até a alguns riffs bem produzidos na guitarra, sim, os caras nesta altura da campeonato são lendas, e não precisam que ninguém ensinem nada pra eles."7 and 7 Is"  (cover do No. Fourteen) fizeram uma versão hardcore mesmo. A meu ver, não é uma das melhores mas quem gosta..."My Back Pages"  (Bob Dylan) Olha só, fazendo cover do Dylan, possivelmente melhor que a original com certeza, nesta versão punk, já que sempre achei o Dylan muito chato e blasé."Can't Seem to Make You Mine"  (cover do Saxon), nesta versão usam até alguma eletrônica e com a boa voz de Joey, ficou uma balada punk/dance interessante."Have You Ever Seen the Rain?"  (cover do  Creedence Clearwater Revival) De todas as  músicas covers deste disco, a que eu obviamente mais conhecia era esta baldada do Creedence. Versão do Ramones é pancada e rápida...alguns não vão gostar. Digamos que seja legal...não mais que isto."I Can't Control Myself"  (cover do James Baker Experience!) Mais uma música anos 60, rock bom que os Ramones aceleram e mandam bem no punk rock. Voz do Joey sempre ditando a direção musical. "Surf City"  (Cover do Beach Boys) não poderia faltar um clássico do surf rock com esta versão bacana do Beach Boys versão punk. Belo álbum de covers. Se o objetivo era ter um álbum de covers ou algo para colocar nas lojas ou mesmo fazer os trabalhadores do rock trabalharem, este álbum cumpre todos os objetivos. Tirando um ou outro cover, o resto tá perfeito. Acho que os artistas originais iriam ficar orgulhosos das versões. Atingiu a posição 179° da Billboard e não teve pontuação no Reino Unido. Mesmo assim vendeu bastante em outros países como na América do Sul (Brasil e Argentina onde a banda era muito popular).


¡Adios Amigos! (1995) - 14° álbum de estúdio dos Ramones, mantendo ai a mesma formação e terceiro a sair pela Chrysalis. Daniel Rey produziu o álbum. Um álbum até meio difícil de sair e como o título diz, pra se despedir, já que Joey Ramone foi diagnosticado com câncer e seu estado de saúde começou a deteriorar. Dee Dee Ramone apesar de fora da banda, continuou a compor muitas das canções e C.J.Ramone também compôs algumas e cantou em 5 faixas. O álbum começa com um cover, não é pra reclamar, fizeram um álbum inteiro de covers, e passaram vários discos com vários covers, este não poderia ser diferente. "I Don't Want to Grow Up" (Tom Waits cover), mostrando todos esses ingredientes com o peso e a velocidade que os reis do punk sabiam executar com maestria e ficou ótima, pois foi um single que lembrou bastante a versalidade da banda e acredito que o Tom Waits não tenha feito tanto sucesso assim com ela, a ponto das rádios só tocarem a versão dos Ramones. "Makin Monsters for My Friends", punk rock bem executado, mostrando que os Ramones estão com tudo ainda e aqui com o C.J. nos vocais, sem perder a compostura, com uma letra estranha sobre, não criar monstros para meus amigos..."It's Not for Me to Know" aqui um hard rock com batida pesada e paulera, com uma letra meio desconexa sobre um cara que não quer saber de nada..."The Crusher" é um punk rock com uma pegada até rap, sobre um cara que se acha o rei do ringue e quer dar um coro em russo apelidado de urso. "Life's a Gas", esta aqui é otima, uma balada rock anos 60 e punk com um refrão pegajoso, cuja letra fala em levar uma vida divertida e alegre apesar dos pesares. Talvez Joey tentando acalmar seus fãs sobre a doença.
"Take the Pain Away" punk rock pesadão e nesta música Joey, ao contrário da anterior, diz que só quer dar um jeito de alivar a dor e que os tempos são difíceis. "I Love You" (Johnny Thunders cover), cover de um contemporâneo dos Ramones, punk rock romântico... "Cretin Family", punk rock desconexo, sobre um cara que tem uma família cretina que acredita que o sujeito é um nada. "Have a Nice Day", hard rock aqui na pegada paulera, sobre um cara que detesta escutar todos os dias o...'tenha um bom dia'..."Scattergun" hard rock do C.J. que compois e cantou sobre uma espingarda que um sujeito carrega pra afugendar bandidos. "Got a Lot to Say", esta aqui é bem punk rock hardcore, com a música sendo cantada de forma gritada, sobre um cara que não tem nada a dizer."She Talks to Rainbows", balada rock romantica sobre uma menina que fala com passarinho, abelha, arco-iris e não fala com ele..."Born to Die in Berlin", pra fehcar o álbum, uma balada punk rock interessante e bem tocada pela banda, cuja letra fala de um cara morrendo de overdose em Berlim.
BONUS:  "Spiderman", é o tema do Homem Aranha feito para os desenhos dos anos 60, que se popularizou bastante, então os caras que foram crianças que lia gibis de heróis homenageiam o 'cabeça de teia' com esta versão punk e sensacional. Fechamos então como o último álbum de estúdio dos Ramones, que ainda seguiriam pra uma turnê mundial mais uma última vez pra fazer a despedida. Aqui os caras não perdem o fôlego, parece que começaram ontem e mostraram bastante evolução técnica do rock quase feito as pressas para um grupo que sabe tocar punk, balada, hard rock etc. Um álbum que não parecia ser realmente o fim...E conseguiram boas posições como a 48°, a segunda melhor da carreira na Billboard e 62 no Reino Unido.





Greatest Hits Live



(1996) -  3° Álbum ao vivo dos Ramones, gravado em fevereiro de 1996 durante sua ultima turnê em NY. Novamente saiu pela Chrysalis. Este álbum seria um presente de despedida da banda dos registros da sua ultima turnê conjunta. 




Epílogo

Os Ramones fizeram sua despedida em 1996, já tinham lançado um álbum final um ano antes, ¡Adios Amigos! e fizeram a turnê final entre 1995 a 1996 (com passagem no Brasil e América do Sul). Em seu último show, até o Dee Dee Ramone deu uma canja com os ex-companheiros, mas já estava bastante chapado nas biritas. Joey Ramone que havia descoberto um câncer algum tempo antes, lutou contra a doença pelos próximos 6 anos, e ainda conseguiu gravar um álbum solo, mas infelizmente não resistiu e faleceu em 2002. Dee Dee Ramone, foi o próximo a falecer em 2002, foi encontrado morto possivelmente de overdose. Depois foi a vez de Jonnhy Ramone em 2044 e finalmente Tommy Ramone em 2014. Assim, ninguém original da banda continua mais vivo e não teremos mais um revival da banda, os integrantes que vieram depois, Ritchie, Mark, C.J. ainda fazem turnê levando o legado dos Ramones e de suas músicas solos pelo mundo, mas não tem interesse em se juntarem ou reformar o Ramones. E assim, 1996 foi o ano definitivo da banda, mas seu legado continuará ainda por muitos anos, pois eles se tornaram uma lenda. Os verdadeiros operários do rock. 


Conclusão

Tenho que confessar, nunca em minha vida de mais de 50 anos, iria imaginar que os Ramones tivessem alguma relevância mais que outras bandas Topo do Olimpo do Rock (onde já estão Beatles, Stones, Who, Pink Floyd, Dire Straits, U2 etc). Eu estava bastante enganado, pois passei a vida ignorando eles, e escutando apenas o que a rádio ou TV exibia, que eram seus clássicos mais famosos, mas um estudo mais aprofundado deles, mostram que estes caras eram verdadeiros trabalhadores do rock, operários de chão de fábrica, que simplesmente acreditaram que com pouca coisa, iriam levar seu som para todo mundo, sem ser uma banda apelativa, comercial ou vendida para o mainstream das majors da música. Eles foram a antítese de bandas progressivas ou sinfônicas, ou synthpops. O som que faziam eram crus, era o som das ruas, dos descamisados, que trabalhadores braçais, dos caras que apanham da polícia, dos drogados e vândalos, marginalizados e de toda a sociedade hipócrita que cercam as metrópoles e não são reconhecidos. Mas longe de serem 'comunistas', eles mesmos demostravam em suas músicas seu descontentamento com o 'mundo vermelho' , dos ditadores do proletariado e dos políticos seja de esquerda ou direita que só querem o voto do povo para poder roubar a sociedade. Eles eram críticos ao sistema em geral, capitalismo ou socialismo. O som dos caras fizeram história, criou o movimento punk, moldou o som do outro lado do Atlântico no Reino Unido com o Sex Pistols e Clash e tentaram sempre se manter em frente, correr atrás de qualquer vanguarda. Começaram tocando com guitarras distorcidas, sons gritados, mas foram aprimorando as técnicas e criaram também baladas românticas com uma pegada mais pesada. Enfim, eles não quiseram ser Reis do luxo, mas sim, reinar no meio do caos.



Musicas - 4 de 5


Artista - Banda - 4 de 5